Como diz o porta-voz Yanomami Davi Kopenawa em seu livro “A Queda do Céu”: “Hoje não restam muitos grandes xamãs em nossa floresta. A fumaça dourada das epidemias a esvaziou quase completamente. Nossos pais e avós não confiavam nos brancos e sempre temeram seus vapores epidêmicos. Não sabiam que tinham vindo marcar os limites do Brasil no meio de nossa terra. Eles nunca imaginaram que mais tarde os filhos e netos dessas pessoas voltariam em grande número para minerar os rios em busca de ouro. Eles nunca pensaram que esses estrangeiros um dia os expulsariam de suas casas para tomar suas terras! Então as epidemias de xawara seguem seus rastros e imediatamente começamos a morrer uma após a outra! Somos os poucos habitantes da floresta que sobreviveram aos vapores epidêmicos de seus pais e avós. É por isso que quero falar com você. Não fique surdo às minhas palavras! Impeça seu povo de devastar nossa terra e nos matar também!
Você não entende por que queremos proteger nossa floresta? Me pergunte, eu vou te responder! Nossos ancestrais foram criados com ele no início dos tempos. Desde então, nosso povo comeu sua caça e seus frutos. Queremos que nossos filhos cresçam aqui rindo.
No passado, muitos de nosso povo morreram como resultado de suas epidemias. Hoje, eu me recuso a deixar nossos filhos e netos morrerem por causa da fumaça dourada! Cace os mineiros de ouro de nossa casa! Eles são seres nocivos cujo pensamento é sombrio. Eles são comedores de metal cobertos pela fumaça mortal da epidemia de xawara.
Os brancos dizem que um português disse que descobriu o Brasil há muito tempo. Os ancestrais desses estrangeiros não descobriram esta terra! Eles chegaram lá como visitantes. Mas eles o devastaram implacavelmente e o cortaram em pedaços, depois os dividiram entre si. Eles fingiram que estava vazio para assumir o controle. Essa mesma mentira continua até hoje. Nossos ancestrais e os de todos os habitantes da floresta viveram aqui muito antes da chegada dos brancos.
Antes de a fumaça da epidemia dizimá-los, havia muita gente aqui. Naqueles tempos distantes, fábricas e máquinas de metal não existiam. Não havia motores, aviões ou carros. Não havia óleo ou gás. Os homens, a floresta e o céu ainda não estavam doente dessas coisas. Para mim, apenas a floresta é um bem precioso.”
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